COVID-19: A retoma das atividades económicas – a restauração
Por estes dias um pouco por todo
o mundo, incluindo também no nosso país e na nossa região, se ensaiam estratégias
de retoma das atividades económicas, após longas e penosas semanas de fecho
forçado provocadas pelo aparecimento do COVID-19. Os efeitos decorrentes deste
fecho abrupto, tem provocado graves consequências económicas e sociais,
vislumbrando-se num futuro muito próximo dificuldades enormes em praticamente
todas as atividades económicas, sendo consensual que atividades como a
restauração e o turismo serão aquelas em que o impacto deverá ser mais duro e
de consequências mais gravosas, nomeadamente no emprego e na sobrevivência de
muitas destas empresas.
No nosso país dados recentemente
publicados pelo INE/BdP relativos a permanência na atividade, sem laboração e
consequentemente sem liquidez necessária para sobreviver, apontam para um ou
dois meses (em média e em vários sectores), caso não surjam medidas adicionais
de apoio à liquidez. Neste panorama bastante negativo, surgem o sector da
restauração e do alojamento com melhores perspetivas de sobrevivência neste
contexto pandémico.
Já Associação Nacional de Restaurantes, refere que a 18 de maio, data que o sector prevê como provável para
poder voltar a laborar no país, apenas 1 em cada 3 restaurantes terão a
liquidez necessária para reabrir. Uma das razões invocadas e que dificultam um
maior número de empresas a regressar à atividade é adaptação dos espaços as
novas regras emanadas pela Direção Geral de Saúde (DGS), acrescidas da aquisição
de equipamentos e materiais de higienização e proteção que todos estão
obrigados. Na Madeira embora haja algum aligeirar de requisitos, as regras de disposição e de distanciamento dentro dos espaços se mantém identicas as aplicadas no resto do espaço continental.
A sobrevivência do sector da
restauração nestes últimos dias só tem sido possível para algumas empresas que
tem conseguido através do “take-away”, solução de recurso que julgamos não será
sustentável a médio ou longo prazo, o que deverá também obrigar as empresas a
se adaptarem a estes novos tempos.
Para já o importante é garantir a
sobrevivência das empresas e com elas o maior número de postos de trabalho, mas
é importante progressivamente readaptar o funcionamento dos estabelecimentos e
quando possível repensar os mesmos incluindo as novas medidas e equipamentos
dispensável para garantir a segurança, o bem-estar e o conforto de todos os
seus clientes. Mais uma vez é fundamental reinventar, neste caso o seu negócio,
sendo que quanto mais cedo o puder fazer será também mais vantajoso. Isto
porque os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), referem que a
crise de saúde pública que vivenciamos será longa ou eventualmente poderá nunca
desaparecer.
Por outro lado cabe também aos
governos quer da República, quer das Regiões Autónomas, as Autarquias e em conjunto com os empresários,
encontrarem soluções não só financeiras de auxilio as tesourarias, importantes
certamente, mas também outras, de índole temporal, que permitam a todos aqueles
que hoje não tem condições de laborar nos seus atuais espaços, que por razões
várias precisam de os adaptar, que estes continuem a trabalhar utilizando o
espaço público que a sua volta possa ser utilizável, permitindo com isto que a
breve trecho estes consigam ganhar o suficiente para efetuarem as obras de
adaptação necessárias. Várias já são as soluções que um pouco por toda a Europa
já se vão testando e que julgo devemos estar atentos. Fica aqui um bom exemplo,
desenvolvido pelo escritório «HUA HUA Architects», nas ruas de Brno, República Checa.
Quanto a nós profissionais da
arquitetura, especializados no desenhar e pensar os espaços e as cidades, devemos
estar atentos e predispor-nos a colaborar nesta importante missão de adaptar
espaços e cidades aos novos tempos é também connosco que se poderá ultrapassar
estes tempos de crise.
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